Com estreia marcada para o dia 16 de Maio na Póvoa de Lanhoso.
NO OITAVO
Aí está a primeira curta realmente produzida pela Low Cost Filmes. "No Oitavo" terá entre 12 e 15 minutos, conta com a participação de Alberto Carvalhal, Duarte Victor, José Nobre e Luis Pacheco. Escrito e realizado por António Aleixo e produzido por Pedro Soares, o filme está já montado sendo que estamos agora a montar o som e os genéricos. A música foi gentilmente cedida por Moby e planeamos estrear dentro de dois meses.Ficam aqui umas fotos da rodagem que decorreu em Fevereiro para ir matando o bichinho.
in http://low-cost-filmes.blogspot.com/
“Portugal é o porto que escolhi para ancorar o meu barco.
Depois de vaguear por aí durante mais de quinze anos…
E de ter testemunhado muito…
Precisava dum lugar calmo e ensolarado.
Não quero voltar para o Chile.
Nem penso nisso.
Comprei uma casa no alto duma montanha, perto do castelo São Jorge.
Uma vista mais bonita para o Tejo seria impossível de achar.
Descobri este tesouro junto com um amigo.
Ele ficou com o primeiro andar e eu com o de cima: sou louca por alturas.
Depois de Zurique, Lisboa é um paraíso.
Mudei-me para a Suíça por causa do meu terceiro (ex-)marido.
Era fascinada por ele.
A gente se conheceu no Uruguai.
Ainda estava casada com o meu – monótono – marido uruguaio.
Mas não me controlei: pedi o divórcio e casei de novo.
Sabia que estava a pisar num campo minado…
Iria sofrer… como sofri.
Mas há coisas na vida que não se pode evitar.
Prefiro assumir um risco a pensar para sempre o que teria sido se…
E eu não me arrependo.
Juntos conhecemos Paris, Londres, Milão…
De alguma forma ele me mostrou muito e com ele eu aprendi muito sobre tudo.
Sobre cair e levantar,
sobre amar e odiar,
sobre perder e tirar proveito disso…
Há coisas que eu não vou compreender nunca…
Tudo era tão bom antes de Zurique...
Odeio essa cidade.
Muito quieta, sem alma.
Estagnante.
A única razão para que eu esteja lá é minha filha.
Ela mora com o pai e a sua nova família.
Meus dias em Zurique se resumem a esperar pelos momentos efémeros em que finalmente poderei abraçá-la.
Sinto que estou a perder a minha vida num quarto fechado e sem luz.
É por isso que amo Lisboa.
É um refúgio…
Quando estou aqui…
a tristeza parece irrelevante se comparada aos horizontes amplos dessa cidade …
A dor perde a força…
E há tanta luz e tanta vida…
E… este rio... tão dinâmico,
nunca o mesmo…
Amo acordar com o barulho dos barcos e dos pássaros…
Um dia… quero chegar em Lisboa de barco.
Um barco de passageiros… grande e romântico.
Sabe, a vida é um filme.
Somos nós que escrevemos o nosso próprio roteiro…
E se, um dia, a história e as personagens se revoltarem contra o criador,
É só terminá-la… De repente… sem misericórdia.
Estou acostumada a perder e a deixar.
Por isso não tenho medo de me prender às pessoas, de me amarrar.
Gosto de ter sonhos e de buscá-los.
E se, de repente, um sonho deixar de ser um sonho… invento outro.
Há quem chame isso “irresponsabilidade”.
Eu prefiro a palavra “sinceridade”.
Ainda tenho alguns problemas para resolver em Zurique.
Mas, a cada vez que venho a Lisboa, renasço.
Quando nos abrimos para coisas novas, não há “tempo ruim”.
Às vezes chove, muito…
Mas não há nada que se possa fazer contra isso.
É a vida.
Quando tinha 20 anos… era absolutamente ambiciosa:
Queria fazer tudo, ver todos os lugares, conhecer todo o mundo…
Agora estou satisfeita com o meu sonho de mudar para a minha casa na montanha …
Ao pé do castelo.
Meu grande sonho sempre foi viver na Argentina…
Buenos Aires.
Mas algumas coisas acontecem e… de repente tudo muda.
Estava em Buenos Aires quando o conheci.
Por ele... pela possibilidade de ficar lá... de começar de novo...
Enfim… fiquei grávida e casei.
Mas uma vida de homem casado não era para ele.
Ele é um bailarino, um sonhador…
Um dia ele me disse: “vamos embora para Lisboa”.
Não pensei muito no assunto não…
Para falar a verdade, nem tive tempo.
Depois dum mês já estava aqui:
Com uma criança nos braços… e sem a menor ideia do que o meu marido andava a fazer…
nas tardes e noites em que não voltava para casa ...
Na realidade, sabia que a nossa vida juntos já era.
Mas precisava de tempo para juntar forças… para ganhar coragem…
Eu tinha – tenho – consciência da minha solidão….
de que não seria – será – fácil… como nada é.
Há dias em que penso em voltar para o Brasil.
Mas o que me resta lá?
Nem histórias, nem raízes, nem futuro.
Eu deixei o meu marido… mas decidi não desistir de Lisboa.
Aluguei um quarto… não tive muito tempo para sofrer…
Tinha que trabalhar e sabia que a minha vida não era mais só minha…
Algumas coisas que fazemos… sem pensar nas consequências…
ficam para sempre.
Conhece aquela palavra… “responsabilidade”?
Que não tem absolutamente nada a ver com regras…
E sim com o acto de se sacrificar, se importar, de estar ligado a alguém.
Pois é… alguém dependia de mim…
De qualquer forma… um dia…
Quando eu já pensava “que o tempo de sonhar já era passado…”
Encontrei esse anjo ...
Ele não mora em Portugal.
(espero que se mude logo para Lisboa!)
Nos vemos uma vez a cada três meses.
Mas sinto a sua presença a cada segundo.
Posso até sentir… durante as noites mais escuras…
– aquelas em que parece que não há mais esperanças nem motivos para continuar…
É isso!... Posso até sentir as mãos dele tocando o meu cabelo…
Nunca pensei que amar poderia significar “partilhar a solidão”.
Estou feliz.
Em Lisboa?…
Sim. Ou talvez na vida.
Não importa!
Tenho o meu trabalho… a minha filha um futuro promissor.
Não quero voltar.
Quero ficar aqui.
E esperar pelo dia em que o meu anjo vai chegar… e ficar.
Eu vim para Lisboa para retomar algo que eu tinha perdido.
O meu marido mora em Salamanca.
Um dia partiu e nunca mais voltou.
Quando ouvi falarem da possibilidade “Portugal”… não pensei duas vezes.
Deixei tudo…
– o trabalho, os amigos, a família, Buenos Aires…
A Europa vista de longe parece pequena.
Mas quando estamos aqui… tudo muda.
Nunca encontrei o meu marido.
Ele ainda mora na Espanha… com uma outra mulher.
Eu também... depois de chegar em Lisboa conheci outro homem.
um casado…
Ele queria construir uma casa para mim…
Mas eu não sou este tipo de mulher não!
Quero ser a primeira.
Se não… melhor não:
Desapareci da vida dele.
Às vezes penso em voltar para Buenos Aires.
Mas lá – além de um passado que ainda dói… e muito – não tenho nada.
Não quero voltar sem histórias para contar.
De qualquer modo… o que importa é que os negócios corram bem.
Amo o que faço.
E, para ser bem sincera… não tive outra opção.
Não é verdade que tudo na vida é uma questão de escolha!
Há situações que já nos escolheram… muito antes que as notemos.
Tango é a única coisa em que consigo me concentrar 100%.
Esqueço tudo. Não há dor que me alcance.
E o absurdo da vida se dilui na música…
Momentos raros em que o corpo e a alma se encontram...
A cabeça deixa de ser uma prisão para os pensamentos…
E para os desejos mais profundos... e inalcançáveis…
Vim para Lisboa com o meu namorado.
Tínhamos nos conhecido há apenas duas semanas… em Bordeaux.
Ele deixou Montpellier em busca de algo que o inspirasse …
não estava numa fase muito criativa…
Um dia, depois de assistir “Lisbon Story” (Wim Wenders),
decidimos fazer as malas e debandar – de carro mesmo.
Trabalho como voluntária num projecto europeu.
Ele é escritor.
Tudo parece estar bem.
Eu gosto dele a cada dia mais…
E Lisboa parece (a cada dia mais) estar ligada à minha história com ele.
Tenho certeza de que vou deixar essa cidade quando o amor acabar…
Não entendo porque…
Porque não consigo simplesmente “relaxar e aproveitar”…
Lisboa é o nosso cenário… e ficaria muito vazia sem um dos protagonistas…
Sentir isso me assusta…
Nunca “precisei” de ninguém...
Não estou acostumada a esse tipo de “dependência”.
Mas porque “depender de alguém” tem de ser algo assim… tão perverso?
…sim.
…é claro que sim.
Mas já passei por momentos suficientemente difíceis para saber que o tempo cura tudo.
A dor definha…
De alguma forma, gosto de pertencer a ele.
Não percebo o que exactamente “ser independente” significa…
Será que alguém pode ser 100% auto-suficiente?
Completamente livre de afectos e sonhos… e amarras às outras pessoas, ao passado, ao futuro desejado…
É… tem razão.
talvez eu seja uma “dependente feliz”…
rara.
Vim para Lisboa para trabalhar.
(Será que foi só isso?…)
Tinha uma vaga na Embaixada daqui… e eu peguei.
Começo de carreira… todo mundo sabe como é… temos de agarrar as oportunidades.
E Lisboa parecia tão cool … e diferente…
Nunca tinha vindo a Portugal.
Mas esta não foi a minha primeira experiência numa realidade completamente diferente:
Já tinha vivido alguns anos na Alemanha…
Ter de me adaptar a uma nova cultura – mais uma vez – não seria lá tão complicado…
É… o problema não era esse.
Naquela época eu estava um “pouquinho” perdida…
(só para evitar “superlativos”… como… “completamente” perdida)
E, talvez, eu ainda esteja…
Berlim era meu porto seguro… o território conquistado.
Partir para uma nova aventura não estava nos meus planos.
Meus sonhos e esperanças… estavam todos destruídos.
Ninguém sabe disso… então por favor mantenha em segredo:
Mas agora ela é uma Diplomata… que deixou que os ventos da realidade levassem todas as cartas de amor que guardava escondidas debaixo da cama…”
Sim, sim…
…Eu tive um projecto … uma vez.
Mas para concretizá-lo, eu precisava da ajuda de outra pessoa…
que – definitivamente – não estava interessado em ajudar.
Custou-me muito ver isso…
E o meu mundo se desmantelou no momento exacto em que eu finalmente enxerguei.
Um jogo. Só um jogo.
E há algo nas nossas malditas vidas que seja mais do que um jogo infantil?
Meu episódio em Berlim estava – definitivamente – terminado.
Cheguei em Lisboa com duas malas, um futuro vazio e um coração estilhaçado.
Não procurava ninguém…
Nem estava interessada em escrever novas “histórias”.
Precisava só de uma folha de papel em branco… e depois…
Sabe duma coisa?… Nós não somos tão livres quanto acreditamos …
Um golpe.
Um olhar já foi o suficiente para que me pegasse.
E o que se pode fazer quando as nossas mãos já estão atadas e os nossos corações entregues?
Três segundos...
Três segundos é tempo suficiente para uma pessoa se perder...
Ou seria mais correcto dizer... abaixar as defesas, abrir-se e deixar que alguém a veja...
Porque – pelo menos eu acho – que o amor é justamente isso...
Permitir que alguém espie a nossa vida...
E se esse alguém tirar a foto certa...
Sabe... as pessoas com quem nos envolvemos funcionam como espelhos da nossa própria imagem... É exactamente isso!
E se esse alguém consegue tirar o melhor de dentro de nós... não há escapatória.
Três segundos.
Em apenas três segundos... ele me mostrou o porquê da existência...
Sete meses...
Em apenas sete meses aceitou tudo o que eu tinha para dar… e algumas coisinhas a mais...
Dois dias...
Em apenas dois dias decidiu fugir carregando tudo e me deixando sozinha
COMPLETAMENTE PERDIDA ... de novo...
(Mas ele disse: „Obrigado por tudo. É uma pessoa sensacional...“. Não é simpático?...)
Eu li numa revista que… uma pessoa precisa de dois anos para esquecer um amor devastador.
E um cão?
De quanto tempo ele precisa para se acostumar de novo às ruas, depois de ter vivido temporariamente sob os cuidados dum dono devoto?
Dois anos de sofrimento é o suficiente para fazer uma pessoa odiar a vida.
Mas será que eu sou tão livre quanto eu penso?
Sou eu mesma quem escolhe os meus caminhos… ou
ou são eles que me perseguem?
Sou o resultado dum acidente - um acaso – que como muitos dos acasos na vida – deu certo.
Meu pai tinha 24 anos quando deixou Lisboa para estudar na Bélgica. Um dia, numa festa da Universidade, bebeu um pouquinho demais e…
A minha mãe é francesa. Trabalhava num teatro e estava naquela festa, por acaso.
Na noite em que se conheceram, não trocaram juras de amor, nem telefones, nem e-mails (naquela época, para o bem das relações amorosas, a Internet ainda não existia).
Três meses mais tarde, a minha mãe percebeu que não estava mais sozinha, e tudo o que lembrava daquele homem (com quem dormira apenas uma noite) era o primeiro nome! E (estrategicamente) que ele estudava na Universidade de Liége.
Mas , como “quem procura acha!”, esse pouco foi o suficiente para encontrá-lo.
Há coisas na vida que têm de acontecer.
Pois é, os meus pais tinham de acontecer. E eu – também.
Nasci e morei em Liége até os seis anos, quando o meu pai decidiu retornar a Lisboa.
A minha mãe veio um pouco contrariada mas logo rendeu-se à cidade.
Existir aqui poderia até ser uma experiência agradável.
Os meus pais nunca mais foram embora. Já a minha história é diferente…
Aos quinze anos fui estudar em Paris e como a vida, ou melhor, as vidas são uma eterna repetição…
Aos dezoito anos, fui a uma festa “da irmã da amiga da minha vizinha” (alguém com quem mantinha uma relação de extrema proximidade) e passei daquela noite para a manhã seguinte com “algo de vivo” no ventre.
Para resumir, seis meses mais tarde, casei-me com o ‘chef de cuisine’ que – depois de ter preparado entradas fantásticas para a festa onde nos conhecemos, atacou o prato principal – no caso, EU – às quatro horas da manhã no meio da Pont Neuf.
Nem preciso dizer que dessa aventura– além dum chef de cuisine ‘junior’ – resultaram 12 ‘maravilhosas’ horas na cadeia, sem contar o processo judicial por atentado ao pudor e desrespeito à ordem pública que tivemos de enfrentar mais tarde.
O bebé chegou três meses depois da festa de casamento – com direito a vestido de princesa e tudo, que os meus pais fizeram questão de mostrar aos amigos.
O meu amor pelo dito ‘chef de cuisine’ - em contraposição ao nosso casamento que durou muitos anos - teve a curta duração daqueles momentos efémeros e irresponsáveis que passamos juntos na Pont Neuf.
No segundo ano de convivência conjugal – resultado conseguido através dum esforço contínuo de desconsideração da realidade – recebi uma proposta para trabalhar em Nova Deli.
E lá fomos nós, ‘de mala, cuia e criança nas mãos’.
Mudar o cenário para mudar a história - (será que adianta???)
Depois de sete anos em Deli, o novo cenário ainda não tinha contribuído para a renovação do relacionamento que sofria de falta crónica de identificação mútua e partilha.
Então, achamos ‘razoável’ deixar Deli – afinal a culpa da nossa ruína era toda da Índia! – e decidimos mudar para o Brasil: o País do erotismo…
Mas os oito anos em São Paulo não ajudaram muito… De sexo, só ouvíamos falar em telenovelas ou conversas com estranhos. Do meu episódio no Brasil não tenho muito para contar além das noites fantásticas no Madame Satã - um bar ‘muito católico’ da periferia de São Paulo - e uma história de amor proibido não consumada e - como tudo que não se consuma - jamais esquecida.
Voltei para a Europa com o meu filho e sem saber para onde ir…
E, como sempre, para provar que algo parecido com a ideia de Deus existe – no exacto momento em que a único caminho que enxergava era sentar e chorar – a solução cai do céu, directamente nas minhas mãos.
Foi no aeroporto de Paris… não conseguia carregar toda a bagagem sozinha… e – de repente!!!!! – alguém aparece e me ajuda.
PORQUE?
Alguém pode explicar… eu que sempre fui uma inconsequente… que nunca fiz nada para merecer ser feliz… deve ter sido algum engano de logística divina: a pessoa errada estava no lugar certo na hora certa.
Já sabia qual caminho seguir.
Hoje, sete anos mais tarde, vivo (de novo) em Lisboa com o meu marido alemão que conheci no aeroporto de Paris.
Tudo vai muito bem. Estou tranquila, o meu fliho mais velho gosta de Portugal, eu e o meu marido tivemos uma filha, abrimos uma empresa, nos amamos.
Mas a ideia do grande engano não sai da minha cabeça.
E se alguém perceber que a entrega foi feita no endereço errado? E se a pessoa que deveria ter recebido o “pacote” – E NUNCA RECEBEU – descobrir tudo e vier aqui buscá-lo?
Não consigo mais pensar a minha vida sem ele.
Às vezes, penso em voltar para São Paulo.
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